Estou há quatro meses sem postar nada aqui, devido à imensa correria que o dia-a-dia de trabalho me proporciona. Desanimada, também, com a massificação de todas as coisas, disse à mim mesma que voltaria aqui, não parar falar de "modinhas" - já que faço isso em meu trabalho e 99% da população jovem ativa do momento também faz -, mas para falar de algo relevante ao menos para mim, algo que realmente possa fazer a diferença.
Eis que como o prometido, estou de volta. Mas não para falar de modinhas e tendências, não para falar do superficial, porque este, muitos já parecem conhecer bem. Vim falar da essência da coisa, do âmago do que é realmente estar na moda. Uma frase tão comum e tão cansavelmente pronunciada. Mas no fundo, você já parou para pensar O QUE É MODA? O QUE É SER FASHION??
Não vou dar uma de demagoga: assim como milhares de outras jovens mortais, sou extremamente consumista e respiro moda. Primeiramente, porque sempre foi uma das minhas paixões e, em segundo lugar, porque faz parte do meu trabalho . Mas, deixando a euforia de lado e pensando friamente, muitas pessoas que hoje se intitulam amantes da moda acabam por serem apenas vítimas dela.
E digo "vítimas" quase que no sentido literal: com o ilusório intuito de sempre "estarem na moda" acabam por não possuírem um estilo próprio. Ferem a própria personalidade. Não têm uma opinião formada sobre o que gostam e o que não, sentem-se obrigadas a adquirir TUDO - tudo mesmo - que lhes é exposto em revistas, sites, blogs, fotos de celebridades e todos os meios de comunicações que a indústria da moda usa para chegar até eles(as).
O resultado? Não sabem se identificar. Viram vitrines ambulantes sem princípios, base ou planejamento, tendo como objetivo único, a "MODA". E digo entre aspas, porque é uma moda apenas de aparência, sem essência, sem intelecto. Algo vazio, ôco, feito apenas de estampa (e que nem sempre é bonita). Isto, meus caros, no fim das contas, não é moda.
O LEGAL É FAZER ESCOLHAS
Você já deve ter ouvido falar que atitude é escolha. E vice-versa. Essa frase se encaixa neste contexto perfeitamente, uma vez que, cada um faz SUA MODA. Assim como o cinema, a televisão e os esportes, a gama de opções é imensa, mas quem escolhe é você.
Tudo é um marketing que te induz ao poço sem fim do consumismo e se você se deixar levar, cairá nele indefinidamente. Na moda e assim como nos demais aspectos da vida, você é a escolha que faz.
O quê, exatamente, dentro do leque infinito de "tendências" (outra palavra cansável) faz o seu estilo? Do quê você gosta, com o quê se identifica?? Já fez estas perguntas a você mesma?
É claro que no mundo democrático em que vivemos, graças a Deus temos a liberdade de experimentar. Você pode testar alguma coisa para ver como se sente, vestir algo totalmente novo vez ou outra para tentar algo fora do usual. Mas experimentar é diferente de escravizar-se.
Aí você pode me perguntar: "Anna Dello Russo é uma vítima da moda?". Depende. Se ela usa um arco com casquete de cerejas gigantes porque ela SE sente bem desta forma e é esta a mensagem que ela quer passar para o mundo, não. Se, ao contrário disto, ela o fizer apenas porque "acabou de ser lançado na passarela X e ela quer atrair a qualquer custo as luzes de todos os holofotes, independente de gostar do acessório", sim.
E este raciocínio se aplica para qualquer outra forma de se vestir e de agir, não necessariamente precisando usar um casquete imenso. A pessoa confunde o "gostar de estar na moda" com "sentir obrigação de estar na moda". Na moda de fachada. Porque o real estar na moda é usá-la em favor da sua personalidade; garimpar o que, entre as coisas mostradas, combinam com você e passam a sua mensagem ao mundo. Estar na moda é ser, primeiro do que qualquer coisa, VOCÊ.
É a moda que deve estar à serviço da sua personalidade e não o contrário. A moda não muda o que você é, ela é apenas um complemento.
É por isso que eu não suporto - e muitas vezes sou incompreendida - quando uma pessoa, cujo estilo pessoal não tem EM NADA a ver com o meu, chega perto de mim e pergunta: "nossa, onde você comprou isso? Eu amei!!!!". Você "amou" simplesmente por que está na moda ou porque você se identifica com meu estilo, que se parece com o seu e, por isso, acha que também ficaria bem para você?
Você usa camisa xadrez porque tem paixão pelo estilo grunge desde muito antes ser "modinha" ou só porque viu no último editorial da Vogue? Aliás, você sabe o que é "grunge"??
São estas perguntas que você deve se fazer antes de adquirir alguma coisa, antes de deixar a moda te tornar uma "vitrine ambulante falsa e sem conteúdo".
É a falta destas perguntas que formam estilos escrotos por aí, compostos de pagodeiros que usam spikes, funkeiras fantasiadas de caveirinha e dançarinas de escola de samba usando jaqueta de couro com tachas e t-shirt com a bandeira da Inglaterra.
Pense nisso... ou não pense, e continue nos proporcionando boas risadas.