terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Muito "obrigada"

O primeiro vigésimo dia do ano, do primeiro mês.
Parece que quando algo ainda não se tornou uma obrigação fica tão mais fácil realizá-lo, não? Se tem uma coisa realmente chata nessa vida, esta coisa chama-se obrigação. A palavra por si só já causa uma náusea insuportável, uma vontade de sair correndo sem olhar para trás. No entanto, ela é necessária. E muito. Principalmente quando relacionada a estudos ou a trabalho. Obrigações para com as pessoas não existe, fazemos porque gostamos, porque queremos. Porque temos consideração... ou não. No geral, as obrigações são restritas às nossas necessidades, nós as realizamos em benefício próprio; não estudamos ou trabalhamos para eriquecer o currículo do vizinho. Assim como existem aqueles que simplesmente não ligam para as suas obrigações e as deixam de lado para se jogar de cabeça no lazer. Questão de escolha. Às vezes isso é tão bom... Mas eu particularmente sou do tipo que não consegue aproveitar o lazer se a obrigação ainda está ali, esperando para ser cumprida. É um saco, não? Pelo mínimo que seja: ler as notícias do dia, colher material para o TCC, qualquer "besteirinha". Simplesmente não dá para deixar de lado, e não dá para curtir um momento de lazer sabendo que ainda não se cumpriu com a "besteirinha". Tarefas domésticas, então? Que caos! Não dá para trabalhar no computador olhando para trás e vendo a cama totalmente desarrumada, embolada, um completo caos, o apocalipse. E quando se abre o armário, na semana seguinte de tê-lo arrumado, e dá-se de cara com trezentas blusas dançando, misturando-se ferozmente, meias e luvas emboladas em uma gaveta, casacos e blusões embaraçando-se na outra e rindo da sua cara de palhaça que terá que tirar TUDO de dentro e arrumá-las novamente. Que odisséia. Eu daria tudo para possuir a varinha mágica do Harry Potter. Falo muito sério. Imagine só, fazer as roupas arrumarem-se sozinhas? Fazê-las te obedecer, se organizarem por ordem de cor ou de tamanho, do jeito que você quiser. Que dádiva! Seriam três horas de obrigação à menos que eu gastaria com essa parte; é claro que eu não usaria a varinha para escrever minhas narrações e dissertações, pois fazê-la pensar por mim e publicar sua idéia seria plágeo. Gosto de pensar e escrever sozinha mesmo, OBRIGADA. Também gosto de ler notícias, livros, revistas e tirar as minhas conclusões por mim mesma. Ok, nem pra tudo a varinha seria útil. A verdade é que com varinha mágica ou sem varinha mágica, obrigação continua sendo um saco. Aliás, alguém já parou para pensar por que agradecemos? "Obrigada por ter vindo!" Significa que você está agradecendo à obrigação da pessoa; trocado em miúdos, a pessoa fez tal coisa para você por obrigação, teoricamente falando. É uma questão de educação agradecer, mas se analisarmos efetivamente, deveria ser um tanto quanto ofensivo; afinal, vamos à um evento, damos um presente, ligamos para saber como fulano está, simplesmente por consideração à ele, e não por uma necessária obrigação (na MAIORIA das vezes). Mas no fim das contas, sempre agradecemos. Ou melhor, sempre TEMOS que agradecer. Que coisa, não? Uma situação corriqueira: vou a certa loja em que costumo sempre comprar roupas, e faço minhas compras do mês. Pago, e quando estou saindo, a vendedora entrega-me os pacotes e fala: "Muito obrigada, volte sempre!" Eu sempre volto porque gosto da loja, e não por obrigação. Foi por livre e espontânea vontade! Nesse caso, o que me resta responder? "Não filhinha, não foi uma obrigação." Agora uma outra situação: é o aniversário de uma tia sua chata e velha, que você detesta. Sempre que ela lhe vê, não perde a oportunidade de fazer um comentário desagradável, daqueles que lhe dá vontade de despejar sutilmente uma quantidade considerável de purgante em seu chá. Na reunião à qual você e sua família foram convidados, só terão velhas como ela, todas tão chatas e tão desagradáveis quanto ela. Você é jovem, tem outras preferências para sua programação da noite, mas será OBRIGADA a comparecer, afinal é membro da sua família, todos estarão presentes. Você não poderá dar uma de ovelha negra, embora seja uma. Chegando lá, a "festa" é do jeitinho que você imaginava: totalmente tediosa. Você está quase dormindo no sofá, quando, por um milagre divino, seus pais finalmente resolvem ir embora. Na hora da saída, você se despede de todos o mais rápido que consegue, cortando qualquer suposto início de assunto, convitinhos falsos como: "venha mais vezes na casa da titia, você mal aparece!" e aturando tapinhas na bochecha - "ai que linda, como está moça!" - E então chega a hora de se despedir da anfitriã: - "muito obrigada pelo presente!" Realmente, o presente não foi nada perto do que fui OBRIGADA a aturar estando presente. Aí sim, seria um momento crucial para ter agradecido a minha presença, no que eu teria uma vontade enorme e incontrolável em responder: "Tudo bem, no meu aniversário você retribui com um presente maior e mais caro, e, de preferência, com a sua ausência!".
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